ADRIANO CORREIA DE OLIVEIRA
Tornou-se membro
do Orfeão Académico e colaborou em múltiplas demonstrações culturais e,
activamente, nos movimentos estudantis dos anos sessenta.
Colaborou em
inúmeras serenatas, em manifestações musicais e cultivou, por gosto e com muita
qualidade, a balada (um género de música que José Afonso traz para o campo
artístico, de que é, porventura, o melhor intérprete). Ao mesmo tempo,
embrenha-se na recolha, na selecção e gravação de canções populares, desde as
ilhas a todos os cantos do continente, onde sobressaem trechos do riquíssimo
folclore minhoto, beirão e açoreano.
Gravou
variadíssimos álbuns, cantando poemas dos mais variados autores portugueses e
melodias que encantaram e prevaleceram como baluartes da canção de intervenção.
No seu
repertório aparecem diversas trovas, (esse tipo de música que na Idade Média os
aventureiros da cultura, percorrendo a Europa levavam, de terra em terra, as
melodias de origem, vindas, muitas vezes, não se sabia de onde, mas que era uma
forma de dar a outras pessoas as tradições, a cultura, as lendas, os costumes,
os romances, o estilo de vida, que, desta forma, eram apresentados nas
localidades a que chegavam e, posteriormente, também daqui transportados para
outras terras).
Gravações feitas
no antigo regime são um testemunho do seu profundo amor à causa da Liberdade,
para a qual sempre deu o seu melhor, no sentido de levar mensagens e um pouco
de conforto aos companheiros exilados, presos ou que tinham de sufocar as
ideias democráticas. Ao lado de José Afonso, Manuel Freire, Luísa Bastos, José
Jorge Letria, padre Fanhais, José Mário Branco - e outros tantos -, foi,
repito, um baluarte na defesa da Liberdade e na implementação da chamada
"canção de intervenção, com a tal finalidade de reconfortar e animar os
companheiros da vanguarda e da retaguarda e manter bem viva a chama da
Esperança e da tão ambicionada Liberdade.
Muito cedo nos
deixou, quando estava no auge da sua carreira. Viveu um pouco da música e do
seu posto de trabalho na Embaixada de Angola no Porto. Estava ainda a terminar
o curso de Direito. A 16 de Maio de 1982, com apenas 40 anos, devido a uma
doença súbita, o Adriano deixou-nos fisicamente, mas a sua obra, perdurará para
sempre!